Ensolarado
Seu primeiro pensamento foi de que precisava ter usado mais protetor solar. Sentado no final daquela pequena doca de madeira com os pés balançando próximos ao lago, com Rafaela sentada logo ao seu lado. Apesar de ser um dia ensolarado, o clima ameno havia enganado – possivelmente os dois – de que pouca proteção seria necessária, porém com o excesso de tempo que o sol estava batendo nas suas costas, ficou evidente que ele deveria ter se protegido melhor.
“Essa então é uma das vantagens de ter uma casa próxima a uma lagoa?” Rafaela perguntou enquanto esboçava mais um de seus sinais.
Não houve tempo para que Guilherme pudesse responder aquela pergunta, enquanto atravessou por entre os dois Rodrigo, mergulhando naquela lagoa, espalhando água para todos os lados e encharcando o casal que estava sentado na beirada.
“Sério? Sério cara?” Apesar do tom firme, era possível ver no rosto de Guilherme que ele adorou a brincadeira. Talvez não tenha sido somente por ele ter o salvado de ter que resistir a mais uma das investidas da pobre moça, porém só isso já era o suficiente.
Aquela água toda no entanto contrastou e refrescou aos dois, mais do que o necessário para Rafaela que se mostrou desgostosa com a situação. “Para com isso Rafa! Eu tava só brincando.” Falou Rodrigo, demonstrando que estava arrependido do ocorrido.
“Rodrigo, por favor nem tenta.” Ela respondeu. “Agora se vocês não se importam, eu vou pra casa.”
“Rafa, fique. Tem roupas da minha irmã no quarto dela que você pode usar,” dessa vez quem falava era o próprio Guilherme. “e essa festa vai perder toda a graça se você for embora.”
Visivelmente Rafaela tentou relutar, sem sucesso. “Tudo bem, então eu fico.” Ela disse. “Só que vai ter troco viu Rodrigo?”.
“Estou morrendo de medo.” Ele respondeu. “Vou dormir com um dos olhos abertos hoje a noite,” respondia enquanto dava gargalhadas da situação. Ao virar as costas ele olhou para Guilherme e fez uma expressão que deixava claro o que os dois sentiram por alguns segundos em que parecia evidente que ela iria se retirar da festa.
“Tá certo galera, todo mundo pode voltar a se divertir, ok?” Guilherme falou aos convidados. E a festa continuara por mais algumas horas, com convidados ainda chegando ao local.
Até o momento que observara um carro incomum chegando. Uma cor viva chamou a atenção de Guilherme imediatamente, a porta se abriu e logo ao primeiro instante ele observou os pés que saíam do automóvel tocarem o solo. Se chocou pois imediatamente reconheceu aquela tatuagem. Não era obra da imaginação dele, naquele momento soube que já havia visto ela antes.